Busco cultivar o hábito de não julgar se algo é positivo ou negativo, e sim provocar a pensar se assim o é para o seus objetivos, seu momento e seu perfil. Para isso vou contar meus contatos com essa proposta e percepções em respectivos momentos. Talvez você se identifique com algum. Leia de coração aberto! Estou contando uma história que vai desde momentos de ser indiferente, não simpatizar, a amar esse modelo de negócio, chegando finalmente a um que acredito ser de maturidade maior com relação a ele.
Meus primeiros contatos com o multinível
A uns bons anos atrás um colega de faculdade me convidou a participar de um evento de uma empresa. E em um segundo momento, também a tempos, uma amiga da minha mãe nos convidou para um encontro de uma outra. Não vou falar os nomes pois não vem ao caso. A proposta aqui é outra!
Vi várias pessoas indo ao palco, recebendo aplausos eufóricos, uns ganhavam carros, outros cheques astronômicos e cada um dizendo como sua vida mudou ao estilo de discurso em fim de jogo de futebol. “Aceitei a oportunidade, acreditei no plano, nos meus líderes, fiz o que tinha que ser feito. Conseguimos a vitória e estamos aqui para dizer que você também pode conquistar seus sonhos!”
Não duvidei nem acreditei, observei e me parecia exagerado, um enaltecimento grande, muito auê. Torcia que pelo menos fosse verdade para aquelas pessoas, que não se tratasse de um teatro para me convencer e aos demais, mas achei muito apelativo para o meu gosto. Não me julguem pela minha percepção, não representa a de todo mundo e ao mesmo tempo não é exclusivamente minha.
Proposta aceita!
Queria muito uma renda extra, uma pessoa próxima entrou em uma empresa multinível e me chamou. Isso me surpreendeu dada a imagem que criei que eram essas propostas e a imagem que fazia dessa pessoa em questão, meu primo.
Fiquei realmente de coração mais aberto e resolvi dar uma terceira chance. Fui a uma apresentação. Diziam que a empresa estava começando no Brasil e isso era ótimo (qualquer semelhança com outra é uma mera questão de perspectiva), fiquei entusiasmada com as possibilidades. Havia um investimento considerável, produtos que apesar de bons não representavam uma necessidade ou perfil pessoal, mas comprei a ideia, iniciei o negócio.
Meu primeiro Multinível - Bora cadastrar gente!
A matemática da viabilidade fechava. Eu respirava aquilo tanto quanto podia. Fazia listas. Chamava pessoas. Gostei de sonhar com aquela possibilidade de transformação, entendi o plano, percebi que dependia muito de mim e da minha disposição em fazer acontecer, em contactar pessoas, da minha energia e habilidade em mostrar os benefícios de cadastrar. Sim, nesse momento o foco era chamar gente e mais gente!
Tinha planos megalomaníacos de cadastrar o mundo para ser da minha equipe porque aquela era a melhor empresa (todas são, já viu? Acho isso tão engraçado!) com um produto patenteado, único, exclusivo ultra mega power que parecia que só faltava que o mundo todo conhecesse, bem como ao plano, para que a magia da multiplicação das vendas e pessoas acontecesse.
Queria que todos compartilhassem daquele entusiasmo, conversava com todos. Conhecidos e estranhos, sem distinção. Espalhava convites e meu entusiasmo com a iniciativa como uma chance de mudar de vida e a de outras pessoas. Aquilo parecia uma corrente do bem, se eu te ajudar a melhorar eu melhoro também. Lindo isso! Me sentia em uma equipe legal, curtia a energia do fazer acontecer e tudo de bom que poderia proporcionar por meio dela.
Nem todo mundo entendeu. Nem todo mundo quis. Ficava até chateada que as pessoas não conseguiam perceber aquilo tudo, por elas. E falando assim é até engraçado!
A energia da motivação ficou ofuscada pela frustração dos “nãos”. Acontece, né? Mas eu ia nos treinamentos e estava vacinada. Sabia bem que cada “não” recebido nos deixava cada vez mais perto do “sim” e me parecia quase falta de inteligência não persistir porque o sucesso estava após a fronteira dos “nãos”. Aquele em que finalmente chegaria o momento que os “sims” recebidos superariam as recusas e eu prosperaria por ter tido aquela magnífica visão de que era possível.
E era, mas persisti, me senti chata, ficou chato, desanimei, resolvi só vender produtos e deixar os meus planos de equipe.
Meu primeiro Multinível
Vendendo (ou não)
Eu não usava os produtos. Não era autêntico e espontâneo eu oferecer os produtos, ficava forçado pra mim. Eu queria vender para ganhar dinheiro, sabia que eram de qualidade, mas eu não lembrava que existiam os produtos quando poderia os oferecer como solução (não usava, era fora da minha realidade). Quase não oferecia. Depois não oferecia. Não vendia. Fim óbvio.
Meu segundo Multinível
Usando o produto!
Uma amiga me ofereceu um produto num momento que ele fez diferença para mim. Eu não vou falar qual pois não é o foco aqui. Ela me deu um para experimentar, gostei e depois comprei dela. Eu queria comprar mais vezes, mas ela viajava muito a trabalho e eu também, motivo que fazia com que a gente desencontrasse.
Então ela me cadastrou na empresa para eu poder ter a liberdade de comprar direto na loja e ainda, mais barato. Adorei! Acabei conhecendo um pouco mais por ter dado esse passo, de toda forma eu só queria consumir o produto e ela disse que não me preocupasse com a oportunidade de negócio se não quisesse. Perfeito!
Compartilhando o produto!
Como me sentia bem e percebia a qualidade, senti confiança de dizer para outras pessoas da existência daquilo. Era natural. Estava encantada e gostava, passava verdade. Várias pessoas acreditaram, compraram e gostaram também em sua maioria. Isso não era meu negócio, mas bem que poderia ser.
Meu negócio!
Me perguntei “E se eu levar mais a sério?”, encontrei apoio de pessoas próximas, o que foi muito importante, e envolvi mais. O clima era de desenvolvimento, de crescimento, de expansão, de busca, de motivação e aquilo era ótimo! Coloquei energia para apresentar os produtos e a oportunidade para novas pessoas. Voltei para as listas e contatos e fiz bom uso da cara de pau. Vendemos para pessoas que iam da empregada à médica, passando pelo o cara do Uber e da loja de esquina do meu bairro.
Eu estava em uma transição de carreira, me agarrei a tímidos sucessos obtidos em pequenos tempinhos que conseguia envolver e resolvi dedicar mais a fundo a essa proposta. Saí do concurso que estava, determinada a empreender, com um propósito, mas sem nada muito certo e esse foi o primeiro negócio que abracei mesmo.
A pressão!
Queria apresentar a solução porque confiava, não porque simplesmente queria vender. Via uma possibilidade de transformação em algo que é para mim um grande valor pessoal, que é a saúde. Ao mesmo tempo, precisava vender e acredito que tenha ultrapassado etapas na jornada do cliente por isso, e por desconhecimento de marketing. A pressão tirava o desprendimento do resultado e ainda por cima ele parecia é cair com isso.
A profissionalização
Percebo claramente que quem persiste e prospera no MMN desenvolve uma forma de trabalho baseada em um intenso e profundo desenvolvimento pessoal. Não é pura repetição. Mas isso não se ensina. Isso se inspira. A busca é pessoal, o caminho e construção são únicos. A ideia de passos prontos que os líderes do multinível comunicam não é para engessar e sim para orientar passos iniciais de uma busca. Faz parecer mais simples até você notar que precisará ir mais a fundo para incorporar aquelas práticas!
No fundo, é a gente com a gente mesmo e esse é o grande desafio. E se você ainda não tinha chegado à compressão dessa parte, sinto muito dar spoiler! E não é por isso que deixa de haver simplicidade no que é preciso. Apenas evidencia para mim aquelas célebres frases: “Não se engane! Só se consegue a simplicidade por meio de muito trabalho!” E “a simplicidade é a máxima sofisticação!”.
Aquele era o meu negócio, a solução era me desenvolver para fazer com que ele pudesse acontecer da melhor forma. Os produtos eram iguais para todos, o diferencial era fundamentalmente humano. Percebi o desafio que era profissionalizar em vendas e que sem vendas qualquer markerting multinível se tornaria insustentável, por mais que se cadastre gente. Vi o quanto precisava sobretudo me desenvolver para fazer aquilo decolar.
Apropriando do negócio
Quem entra no multinível tem o potencial de ser dono do seu negócio. Muito embora isso seja verdade, nem todo mundo vai tomar ele para si. Ser dono de um negócio é muito mais uma mudança de mentalidade e posição perceptiva do que propriamente ter a oportunidade de ser e de se dizer ser.
Depende do quanto você se envolve e desenvolve nesse sentido. A educação formal ensina a ser empregado, você vai na contramão da lógica aprendida e se lança ao desconforto de mudar sua posição naquela dinâmica.
Desenvolvendo Habilidades Empreendedoras
Todo negócio precisa de um produto/serviço para oferecer, alguém para comprar e um meio de receber por isso.
No caso do Multinível você já parte de um cenário em que alguém cuida do produto e muita gente ajuda a gerar clareza sobre ele. Seu papel com a venda é buscar pessoas que queiram comprar e um meio de entregar e de receber por isso. O que significa que você pode preocupar com questões importantes de um negócio tendo a facilidade de ter algo já fabricado.
Se você escolheu a empresa por uma afinidade, se tem um produto que usa, gosta, recomenda, tem confiança e motivação para vender: Maravilha! Então existe aí uma ótima oportunidade de trabalhar sua mentalidade, vendas, relacionamento interpessoal, comunicação, jornada do cliente, negociação, proposta de valor, estrutura de custos, organização financeira… Querendo facilitar isso a outros você vai trabalhar a liderança, gestão de equipes e organização de eventos.
Se você chegar a essa percepção e encarar a etapa com seriedade posso te dizer que a oportunidade do aprendizado será o maior valor construído para esse negócio ou outros. O investimento em você é ouro!
" Mas eu não gosto de vender!"
Você não gosta de vender ou não gosta da imagem de vendedor que criou? Se é isso por favor aceite meu convite de repensar e ressignificar esse conceito.
O papel do vendedor é facilitar o entendimento e o fluxo da aquisição de produtos e serviços. Respeitando o cliente, seu momento e sua escolha. É uma profissão linda e importantíssima, até porque nenhum negócio sobrevive sem vendas.
Afinal de contas, vale ou não a pena entrar em um multinível?
Para mim foi essencial, uma escola, e reconheço o valor de tudo o que aprendi no multinível. Recomendaria como um bom ponto de partida para quem quer empreender, caso consiga participar de algum que se identifique com a proposta de valor e que tenha a oportunidade de estar junto a pessoas que confie.
Claro que não há ninguém melhor que você mesmo para responder se vale a pena, se eu ajudei a refletir a respeito, este texto valeu a pena.