Suas escolhas moldam seu destino. Mas será que você está decidindo com consciência? Descubra como a rotina e as crenças afetam suas decisões e como escolher com consciência pode transformar o seu futuro. Leia mais!
“Há opções que não estou considerando?” Gosto de pensar nessa pergunta, porque ela gera a maravilhosa e assustadora perspectiva de que temos escolhas. Engraçado que por mais óbvio que isso pareça não é todo momento que estamos conscientes desse fato no dia a dia, costumamos lembrar diante de grandes questões existenciais como casar ou comprar uma bicicleta. Fazer faculdade para biomedicina ou engenharia aeronáutica. Viajar para Guarapari ou para Itapecerica.
Brincadeiras à parte, o fato é que escolhemos a todo momento, muitas vezes no modo automático. E existem duas coisas com alto potencial de cegar para o fato que estamos no controle das escolhas:
Impacto da Rotina nas Opções que Tomamos
Você entra em um modo de economia de energia e passa a repetir padrões, você passa sempre pelo mesmo caminho, almoça no mesmo restaurante, pede a mesma sobremesa. No trabalho ou faculdade senta na mesma cadeira, dia após dia. Seu fundo musical poderia ser “todo dia ela faz tudo sempre igual…”, depois comenta como o tempo voa, nem o sentiu passar.
Você aprendeu o caminho a fazer, determinados padrões que geram algum resultado que atende. Você acostumou com o jeito rude do chefe, com o sistema da empresa, com café e pão com manteiga de manhã. Habituou a esperar pelo final de semana para descansar, a receber uma quantia fixa ao final do mês. A rotina é um desconforto conhecido! Quase amigo! Ela te dá a sensação de previsibilidade que te faz sentir mais segura.
Como Nossas Crenças Influenciam Nossas Escolhas
Você absorve um entendimento, por exemplo, de que precisa de estabilidade financeira. Então cria uma representação de como isso pode se manifestar na sua vida: Um concurso, quem sabe!?
O que mais alguém pode desejar para a vida? Então você estuda, passa, fica um ano, talvez dois ou três, começa a sentir infeliz. Mas… “Largar algo assim? É o que todo mundo quer!” “A vida é assim mesmo, não tem como ser perfeita.” “Pelo menos você está empregada em um país com tanta gente que procura um local para trabalhar”.
Você não concorda com o modo como as coisas são feitas, questiona, mas por fim faz o que foi designado por pura sensatez. Afinal aprendeu que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.
Entende onde eu quero chegar? Se abster de pensar é outro modo de economia de energia, uma forma de fazer isso é elaborando e recorrendo a crenças que sintetizam para você alguma complexidade maior e ajudam a definir como agir.
Momentos de Confronto: Repensando Nossas Escolhas
Talvez você não esteja percebendo que está escolhendo, mas chega um momento em que algo acontece e te confronta. Pode ser que você seja demitido, que escutou algo que chamou sua atenção para como têm vivido, que seu corpo tenha gritado, que você tenha despertado para algo diferente em um livro, em um processo de coaching, na terapia ou no bar, vai saber…
Fato é, você sabe que não está habitando sua vida e finalmente percebe isso.
Você não concorda com o que te mandaram fazer, mas é subordinada a pessoa e por isso o obedece? Não está de acordo com os métodos de educação, mas continua se sujeitando a avaliar por provas cognitivas e atribuir notas aos alunos acreditando que deveria ser de outra forma? Nesse caso e em todos mais a escolha e responsabilidade são suas.
Um dia me disseram que eu não tinha escolha sobre fazer ou não o que os superiores hierárquicos me mandaram. Será? Talvez discordar não adiantasse, fazer diferente gerasse uma demissão, mas mesmo assim é uma escolha. E olhar dessa forma é maravilhoso!
Como assim? Eu posso entender que agir como mandam parece condição para manter o emprego, posso validar se é isso mesmo apresentando como penso respeitosamente, caso veja que é, posso reconhecer que faço o que faço porque quero manter meu emprego, mas que também posso escolher outro caminho a todo tempo. Claro, que as responsabilidades e consequências vêm no pacote das escolhas que forem feitas.
Sempre que penso nisso me vêm a mente um soldado indo para combate em uma guerra sob ordens superiores, a mulher e os filhos apreensivos com o perigo eminente, com o coração na mão. Ele não quer ir, ninguém quer que ele vá, eles não vêem muito sentido. E então entra o famoso “mas eu tenho que, é preciso…”, os dois lados vão, a guerra acontece. E se cada um fosse autônomo o suficiente para tomar decisões e lidar com as consequências?
Não estou falando em fazer só o que se quer, estou dizendo que sempre escolhemos. Fui assaltada e me vi diante da possibilidade de levar um tiro ou entregar minha bolsa, não queria nenhuma das opções, escolhi a que me pareceu menos pior. De toda forma, tinha escolha e claro, a responsabilidade pelas consequências. Sempre tive e terei.
“Tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida.” Viktor Frankl – Ele viveu em um campo de batalha de guerra, via pessoas sucumbindo e outras se superando sob as mesmas condições. Ele viveu para contar o que viu, se tornou psiquiatra e escreveu um livro chamado “Em busca de sentido” em que discorre sobre como a orientação interna consegue nos manter mais fortes nas adversidades.
Escolhendo a Mudança: O Caminho para Transformar sua Vida
Se você não gosta do que faz, de como vive, de onde vive, de onde trabalha, com o que trabalha, ou se gosta mas dá para melhorar, porque não fazer diferente, planejar fazer diferente e enfrentar as consequências de arriscar o desconhecido?
Quantas vezes a gente terceiriza as decisões… Não é fácil lidar com o poder e responsabilidade de escolher. E assumir tudo o que precisamos aprender, fazer, reconhecer o quanto não sabemos e até acolher um certo medo de agir diferente que pode vir. É sempre mais simples ficar onde estamos, criar desculpas, justificativas e encontrar um culpado para quando algo dá errado. Se frustar e ser especialista no quesito “tudo que poderia ser se…”. Estranho, mas a gente tende a achar que conhece mais o que não viveu.
É lindo reconhecer a responsabilidade pelas ações e consequências, e de toda forma elas existem quer se queira ou não. É libertador saber olhar pela perspectiva de que há algo diferente que pode ser feito. Uma sociedade em que as pessoas reconhecem sua autonomia é mais protagonista e empreendedora, seja dentro de corporações, seja em iniciativas próprias. É mais focada em encontrar soluções, tende a construir interações mais sadias e de crescimento mútuo.
Diante da incerteza do que é lidar com nossas escolhas temos deixado os outros escolherem por nós? Porque você faz o que faz? E qual opção você não está considerando?